segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Oficialização do Crioulo: Língua Materna CaboVerdiana.

Porque sim?

Devido à nossa identidade cultural. Para salvaguardar os nossos valores – morais, sociais, estéticos, económicos, teóricos, técnicos, espirituais –, restaurar a nossa língua materna (cultura) e preservar a nossa identidade ameaçada.

Por isso também organizou-se toda a resistência africana (1) e emprenderam-se as lutas de libertação africana (2). Mais abaixo citaremos, resumidamente, alguns princípios da resistência cultural defendida por Amílcar Cabral ao Partido Africano de Independência de Guiné e Cabo Verde (P.A.I.G.C), especialmente os referentes ao crioulo.

Manuel veiga, actual Ministro da Cultura de Cabo Verde, assinala na sua obra “Diskrison Strutural di lingua kabuverdianu” (a 1ª descrição estrutural do Crioulo de Cabo Verde), que o Colóquio sobre “a problemática do estudo e da utilização do crioulo” foi um passo decisivo, após à independência, para o estudo e valorização da nossa língua materna, o crioulo, que muito tempo sofreu a injustiça de ser considerado um simples dialecto do português. Veiga ainda profetiza que as gerações vindouras falarão uma língua diferente da hoje utilizada, que é de base da variante santiaguense. E que justifica estabelecer a variante de Santiago como elemento de referência para o estudo do crioulo pela sua maior dimensão sócio-cultural e maior número de população.

Nesta mesma obra, Dulce Almada Duarte, prefaciando-a, patenteia que o crioulo (caboverdiano) é uma língua independente e não dialecto, um mero modo de comunicação de povos incultos e incivilizados ou resultado da incapacidade de povos atrasados assimilarem correctamente uma língua de cultura e de civilização, como fizeram-nos (e fazem) acreditar e sentir.

Governos africanos, numa conferência intergovernamental realizada na Gana, qual será referida abaixo mais exaustivamente, concluiram que a política colonial não conseguiu entender que as línguas africanas eram “verdadeiras” línguas, ou seja, veículos do saber e da cultura. Eram consideradas por eles, colonizadores, línguas “primitivas”, incapazes de expressar o pensamento científico.

O referido estudo de descrição estrutural do Crioulo também revela que o crioulo não é dialecto da língua portuguesa, nem em relação a nenhuma língua. Mas uma língua de estrutura diferente da do português. Afirmação que discordo parcialmente, apesar de não ser linguista, filólogo, escritor, professor, antropólogo. Realmente o crioulo é uma língua (anteriormente considerada estritamente oral) simplesmente por ser uma linguagem de um povo, o caboverdiano, mas discordo que tenha uma estrutura diferente do português. Por exemplo, qual português ao ler o título da obra supra, escrito em crioulo, que não o entenderá. Qualquer povo que expressa em português o compreenderá pela semelhança estrutural do Crioulo com a língua portuguesa.
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O crioulo em qualquer parte do mundo, sempre foi uma miscilânea, assim como a dança, gastronomia, música, povo. Uma mistura da presença do colonizador e colonizado nestas ilhas. Realmente o crioulo é a língua materna de um povo de origem colonial, descendente da escravatura. Não um dialecto português falado na América e em alguns pontos da África, nomeadamente Cabo Verde, mas o cruzamento entre a estrutura da língua portuguesa, espanhola, francesa, inglesa e a de Kswahili, Yoruba, Wolof, serere, diola, mandinga (se falassemos todas estás línguas? imaginem quantas línguas conhecíamos!).

Segundo estudos linguísticos, na linguagem caboverdiana há, e denota-se, uma maior incidência da língua portuguesa do que das africanas. Entretanto, nos outros aspectos do nosso povo, verifica-se uma maior presença africana, o que levou Amílcar Cabral a afirmar que “a cultura do povo de Cabo Verde é africaníssima”.
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É significativo que a busca da liberdade tenha coincidido com a busca da identidade cultural. Por isso Cabral recomendou o estudo da escrita Crioulo e Manuel Veiga, pós independência, advertiu da necessidade de todos contribuir-mos para criar as bases de introdução do crioulo em todas as esferas do saber, escolas, administração pública, mass-média, reuniões, encontros, declarações e discursos oficiais, desenvolvendo-se sobre os legados de Amílcar Cabral.

Cabral, no livro “P.A.I.G.C. Unidade e Luta”, manifesta, assim como todos os outros nossos estimados líderes africanos, a importância e necessidade da independência cultural para a efectiva independência política e liberdade.
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Cabral, numa tentativa de ensinar aos militantes o concepto de Unidade e de luta, diz-nos na referida obra que no caso de Guiné e Cabo Verde, a luta era (ainda é): “os colonialistas portugueses ocuparam a nossa terra, como estrangeiros e, como ocupantes, exerceram uma força que fez com que eles tomassem o nosso destino nas suas mãos, fez com que parassem a nossa história para ficarmos ligados à história de Portugal, como se fossemos a carroça do comboio de Portugal. E criaram uma série de condiçoes dentro da nossa terra: económicas, sociais, culturais, etc.

Para isso, eles tiveram que vencer uma força. Durante quase 50 anos fizeram uma guerra colonial contra o nosso povo; guerra contra manjacos, contra papéis, contra fulas, contra mandingas, beafadas, balantas, contra felupes, wolofes. (...). Resolveram fazer de Cabo Verde (na epóca deserto) um armazém de escravos. Gente levada de África foi colocada em Cabo Verde, como escravo. Tiveram de deixar de fazer o negócio de escravos, passaram então a exercer uma força colonial. Sempre houve resistência a essa força colonial, que age contra”.

Inicialmente porque não podíamos enfrentar o “tuga” cara a cara, “tínhamos que o enganar”, apesar das energias gastas pela miséria, sofrimento, morte, doenças, desgraças, atrasos.

Cabral alerta para aquela realidade em que os descendentes de guineenses ou de caboverdianos que pertencem a elite, o seu único interesse era (ainda é) agarrar aos tugas, fingindo ser portugueses, até proíbem os filhos de falar outra língua que não seja o português.

Em que “o colonialismo meteu-nos muitas coisas na cabeça”. E que “o nosso trabalho deve ser tirar aquilo que não presta e deixar aquilo que é bom”.
A resistência cultural proposta por Amílcar Cabral era: “enquanto liquidamos a cultura colonial e os aspectos negativos da nossa própria cultura no nosso espírito, no nosso meio, temos que criar uma cultura nova, baseada nas nossas tradições também, mas respeitando tudo quanto o mundo tem hoje de conquista para servir o homem”. Sabemos que muitos discordaram (ainda discordam e discordarão) deste ponto de vista de Cabral, manifestação da sua noção de Unidade que ele considera o primeiro acto de cultura que devemos fazer na nossa terra.

Para Cabral, “o português (língua) é uma das melhores coisas que os tugas nos deixaram. É a única coisa que podemos agradecer ao tuga, ao facto de ele nos ter deixado a sua língua, depois de ter roubado tanto na nossa terra.”
Entretanto, cumpre ressaltar que nenhum momento Cabral incentiva a secundarização de nossa língua materna, como querem que assim se entenda uma parcela da elite política e intelectual cabo-verdiana. Cabral apenas estava convicto que antes era preciso um estudo aprofundado do Crioulo e das suas regras de fonética. Estudo que foi posteriormente, logo quatro anos após independência, empreendido, como evidenciado acima.

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Das Conclusões da Conferência Intergovernamental sobre Políticas Culturais na África(*), considerou-se que, a luta pela independência nacional não foi (nem será) apenas uma reinvidicação política, territorial, mas também uma reinvidicação cultural, “uma contestação às pretensões do colonizador de tomar sua própria civilização como modelo universal”.

Considerando, ainda, que a África não era uma página em branco antes da invasão colonial; mas havia produzido conhecimento e técnicas, além de obras de grande valor na arquitectura, escultura, música, dança, poesia e literatura oral, tecnologia, matemática, física, astrologia, entre outros.

Que “a imitação dos modos de vida estrangeiros acaba destruindo o ambiente necessário ao renascimento e desenvolvimento das culturas africanas, despojando-as de seu significado social, espiritual e económico. A história social e cultural africana e de suas relações com o Ocidente demonstra a inconsistência da teoria da interpenetração cultural, ou seja, de uma fecundação recíproca e positiva das diversas sociedades.

A atitude de abertura para o resto do mundo não deve significar a adopção indiscriminada de uma modernidade que afasta cada povo de seu passado e o faz perder a personalidade, nem a imitação de modelos de crescimento, pois se a África pretende desenvolver, ela também pretende preservar sua personalidade.

Para que o desenvolvimento não signifique repúdio ao passado e não conduza a novas formas de alienação, deve-se favorecer o florescimento dos mais autênticos valores culturais, principalmente as línguas nacionais.

Todo o renascimento cultural na África, e também a preservação da autenticidade cultural, exige necessariamente a promoção das línguas nacionais.

Hoje, a nível continental, procura-se revalorizar as línguas africanas, visando proporcionar através delas o acesso da maioria aos conhecimentos mais modernos. Pois, somente a exacta compreensão do papel fundamental das línguas originais nos processos psicológicos, cognitivos e sociais permitirá reduzir as resistências de todo tipo que se opõem à utilização dessas línguas no ensino e na formação.

É preciso, portanto, rever totalmente os sistemas educacionais herdados do passado e transformá-los para que correspondam à realidade sócio-cultural africana, demandem a participação activa da comunidade e satisfaçam às necessidades e às aspirações da maioria”.

*(Resumo do Resumo das Conclusões da Conferência Intergovernamental sobre Políticas Culturais na África que foi adaptado a um outro documento da Unesco, Problemas e Perspectivas, relativo à Conferência realizada em Acra (Gana), em 1975).
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E porque não? Perguntamos àquela parte do Parlamento Caboverdiano que diz “Não”.

Responderão-nos, alguns, que é preciso criar-se previamente as condições? Que condições meus/minhas senhores(as) estás vós a referir-se? Que condições?

O estudo da escrita sugerido por Amílcar cabral foi materializado. Talvez parcialmente porque optou-se pela escrita fonética-fonológica, de base latina. Entretanto, esta escrita foi e é utilizada em Cabo Verde e na diáspora por vários poetas, compositores, escritores, universidades, institutos, desde Março de 1979.

A 16 Março de 2009, o Alfabeto Unificado para a Escrita da Língua Caboverdiana (ALUPEC), já muito utilizada na literatura, foi instituído como Alfabeto Cabo-verdiano. Teses sustentaram que a língua caboverdiana é oficializável.

Até hoje fazem-se acordos ortográficos de línguas, e com a caboverdiana não será diferente.

Porque não à oficialização do crioulo?

1. Bairrismo? 2. Politiquice? OU 2. Somente a fim de perpetuarem, o discurso colonial de que a língua do colonizado (caboverdiano) não poderia ser “nem a língua da Administração, nem a língua da Escola, nem a língua da Justiça” por inculta e incivilizada.
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“a capacidade de renovação do desenvolvimento socioeconómico deriva da dinâmica do desenvolvimento cultural”.

“o conflito da língua degenera em conflito de identidade cultural”.
Por Ababa Abenaa.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

China em África



Check out this investigative report on Chinese investment in mineral rich countries, like Angola. They come as friends, but will this type of "development" benefit the millions of Angolans, or continue to marginalize them in their own country. The end result remains to be seen. For now what we're seeing are improvements in the infrastructure of the country and billions of dollars flowing into the country. The question remains will the government officials making these deals do so with the best interests of the country in mind, or will they do so with their own best interests in mind, as China takes a very different approach from the West, which allows these officials to siphon off large amounts of money for their own benefit.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

KWANZAA

Lembrar, Recordar e Celebrar Kwanzaa é a sexta parte de Njia ou O Caminho, escrito por prof. Molefi Kete Asante, in Afrocentricity. O prof. Molefi é professor e secretário do Departamento de Estudos Afro-americanos na Universidade de Temple em Philadelphia (USA), ainda, escritor, editor do Jornal de estudos africanos “A Revista Afrocêntrica” e colunista do magazine “Harmonia Africana”. Ele diz no referido livro “Afrocentricidade” que devemos lembrar, ou seja, observar o Kwanzaa.


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Sexta Parte1.Lembrar Kwanzaa.
2.Este texto chegou ao Karenga em 351 A.B.A. (after.beginning.again. o tempo depois de 1619 quando africanos desembarcaram em Virgínia (eua) como servos contratados): “Estes são o Nguzo Saba. Procure UMOJA porque isto é procurar Unidade. Batalha por Kujichagulia e determina o seu destino. Honre Ujima por trabalho colectivo e responsabilidade. Aplica Ujamaa, economia colectiva, à tua vida. Mantenha Nia, propósito, em todas as tuas acções. Respectiva criatividade, Kuumbaa, como respeita os teus parentes. Conserve Imani, fé, um no outro. Estes sete princípios estão/são sempre em “O Caminho da Verdade”.
3.Quando tiveres encontrado Nguzo Saba, ensina a outros, porque nós somos um sangue.
4.Acrescente ao Nguzo Saba, Uhuru e Salaama para liberdade e paz pertencer a cada um de vós.
5.E Karenga recebeu o texto de Kwanzaa no mesmo ano que Nguzo Saba. Isto foi antes do seu cativeiro.
6.“Kwanzaa é a celebração da vida. Durante Kwanzaa nenhum sangue deve ser derramado, roubado nem combatido. É um tempo para reflexão sobre os Nguzo Saba.”
7.É um tempo de rededicação a luta apenas. É um tempo para os jovens e idosos serem felizes. Celebre Kwanzaa e alegre-se porque tu és um povo histórico.
8.Karenga escreveu estas palavras: “Kwanzaa significa primeiros frutos. Celebramos colheita. Há a colheita de alimentos, há a colheita de amor, há a colheita de boas acções. Há a colheita de amizade. Nós somos o primeiro povo de colheita”.
9.Quando celebras Kwanzaa faça-o com outros irmãos/ães que já leram O Caminho.
10.O primeiro dia de Kwanzaa é 26 de Dezembro. Todas a preparação para a mesa de Kwanzaa precisa ser feito em 25 de Dezembro.
11.Crianças devem participar em todas as fases de preparação. Dá-lhes responsabilidade das roupas, que devem ser vermelho, preto e verde. Estas são as cores históricas.
12.Frutas frescas, vegetais verdes, artefactos africanos, histórias da luta do povo contra racismo, e flores devem ser sensatamente colocados a volta das sete velas do Kwanzaa.
13.Em cada noite do Kwanzaa o mais velho membro da família dará uma lição sobre um dos Nguzo Saba.
14.A noite de Imani, a sétima noite deve ser a noite de diversão e partilha. Compartilha somente aquelas coisas que fizeste com as suas próprias mãos. Ensina isto bem e serás feliz.
15.Em tudo que faças, esteja consciente de seu exemplo para outros. Ensine bem.
16.Em 3 de julho de todos os anos o recomeço é lembrado com 12 horas de jejum. Enquanto jejuas, ensinem uns aos outros.
17.Esta é a memória de vinte almas que chegaram na América no primeiro ano do recomeço.
18.Não tenhas medo de falar àqueles sangues que recusam jejuar. Não estão conscientes nem no O Caminho. Ensina-lhes.
19.E quando tenhas jejuado e lembrado o recomeço, prometa ajudar e confortar uns aos outros.
20.O jejum deve terminar com cantos de Espirituais deixados a nós por alguns milhões idos.
21.Outros caminhos serão escritos, mas saiba que Este Caminho pertence a si.
22.Estude natureza.
23.O preço da força é estar ligado àqueles que são fracos.
24.A palavra que Karenga recebeu enquanto no cativeiro foi a nunca permitir o mundo impor sobre si. Esta é a verdade.
25.Honre aqueles que estão no exílio por falsas razões, eles são tua consciência.


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Linda Robertson in The Complete Kwanzaa Celebration Book afirma que “Há um movimento sendo reacendido entre afro-americanos – um movimento para reclamar, restaurar e reviver sua herança cultural e rejeitar os falsos ídolos do materialismo e declínio moral.


A celebração de Kwanzaa, um feriado cultural criado por um afro-americano e aprovado pela comunidade afro-americana, é um importante elo a este movimento.”


Assim como na América, desenvolve em Cabo Verde um movimento que quer conhecer, reviver e legar à posterioridade a cultura tradicional africana de reunião, celebração, renovação e reafirmação do compromisso com valores positivos (os sete princípios).
Linda considera que “Kwanzaa, o único nacionalmente celebrado indígena/autóctone/original/natural, feriado afro-americano não heroíco, oferece nossas crianças um rico e nobre legado a aprender, acrescentar e fortalecer e passar à próxima geração.”


Linda Robertson, informa que “Kwanzaa é um feriado cultural que introduz e estabelece princípios e práticas designados a recapturar a essência dos nossos seres e dar as nossas crianças um sistema positivo de valores afrocêntricos para o futuro”.


Mais ensina-nos que “a palavra Kwanzaa origina da língua Swahili, Kwanza, que significa primeiro e é parte da frase Matunda Ya Kwanza (que significa primeiros frutos). A prática africana tradicional de reunir para celebrar a colheita dos primeiros cereais/frutos serviu como uma inspiração para o feriado Afro-americano. Dr. Karenga acrescentou o extra “a” a KWANZA para distinguir o feriado afro-americano da palavra africana, mas o mesmo concepto de reunião e celebração forma a base para a celebração de KWANZAA.”


Este artigo não esgota o Kwanzaa. É preciso, ainda, saber mais sobre os aspectos dos sete princípios (valores) sociais, os símbolos e as actividades cerimoniais de Kwanzaa, o cenário/ambiente, a fase de preparação (ex.: programa), a participação das crianças, e as actividades anuais, i. é., desenvolvidas durante todo o ano.



Kwanzaa, em cabo Verde, funcionaria, também, como momento e instrumento de União. Uma vez evidente o movimento, é fundamental munir-mo-nos de filosofias como o Kwanzaa para plenamente reviver a Unidade e, por conseguinte, a tão desejada Liberdade Africana.
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«O maior tesouro da vida é encontrado na amizade nós fazemos ao longo do caminho».

Saiba mais: http://www.theblackcandle.com/
Tradução de Abeba. 14.02.2008 a 22.11.2009.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Somos aquilo que digerimos

Nós Não Somos
Aquilo que Comemos!
Somos,
Aquilo que Digerimos!


A doença vem do ventre, por isso o jejum é o melhor remédio.

O PROFETA MAOMÉ

É dificil para aqueles que comem carne aceitarem estes conceitos, não obstante inúmeros livros esclarecedores dos seus sentidos.
E quando concordam, erradamente acreditam que nós somos aquilo que comemos. Entretanto, estudiosos, investigadores e pesquisadores, todos concluiram que nós não somos aquilo que comemos, mas exactamente aquilo que digerimos.
A. I. Mossén no seu livro A Saúde pela Alimentação (ed. Bloch) pronuncia que a “alimentação não é a mesma coisa que nutrição”. Que o alimento é apenas um dos numerosos materiais e não o único, necessários ao processo da nutrição, assim como a água, o sol, o ar e a digestão, igualmente necessários.
Esclarece que “a nutrição é um processo vital (de crescimento, desenvolvimento e revigoração) exercido unicamente por órgãos vivos”. É uma função que engloba os alimentos, que sós não fazem o homem. Pois “não é o que comemos que nos fortifica, mas o que digerimos, absorvemos, assimilamos, e apropriamos”. E “ingerir não é sempre digerir.”
Os sentimentos de raiva, fadiga, anteriores à refeição, ou à má combinação de alimentos, efectivamente comprometem a digestão e consequentemente a nutrição.
Há um mês atrás, após seguir vários dias do programa “Mais saúde” emitido pela Televisão de Cabo Verde, procurei o endereço electrónico deste programa, mas não encontrei, pedi a uma das especialistas, nutricionista, convidada deste programa, para igualmente solicitar à apresentora do programa, para abordar o Vegetarianismo, uma vez que actualmente há muitos vegetarianos em Cabo Verde e da importância de sua divulgação pela sua origem e presença ancestral, ainda, Cura, mas até agora não obtive nenhuma resposta.
Logo, continua-se a não informação dos Caboverdianos. Comparecem neste programa nutricionistas que passam à família caboverdiana conceitos há muito ultrapassados, que comprovadamente servem apenas para fomentar o comércio. Isto porque os empresários do sector alimentar não estão preocupados com a nossa saúde, mas apenas pretendem convencer-nos a comprar cada vez mais os seus produtos.
Gasta-se balúrdios em publicidade e marketing, no uso de combinações de alimentos naturais e industrializados apenas para nos atrair, escamoteando-se, assim, a refinaria natural dos alimentos que é o nosso orgão digestivo, designadamente, a boca (mastigação), o estômago (suco gástrico) e os intestinos (sucos intestinais).

Imhotep Llaila Olela Afrika, consultor de saúde, acupuncturista, metafísico, massagista, ervalista, historiador, escritor, professor, astrologista, naturopata, alerta que “a alimentação contemporanêa é baseada em alimentos desnaturados, altamente refinados, processados, geneticamente alterados e artificialmente tratados por processos químicos”. Alimentos segundo ele mortos que não garantem a vitalidade do corpo humano.
O que Kevin Trudeau em Natural Cures, afirma ser porque “They” don´t want you to know about, pois It´s all about the money.
Mais alega o Kevin que “a indústria farmacêutica, a Comissão de Comércio, a Administração do sector Alimentar, como outros grupos, têm suprimido e escondido a cura natural (ervalismo)” motivados unicamente pelo dinheiro e poder.
E “a venda de produtos naturais iria diminuir (consideravelmente) o lucro deste negócio”, completa Llaila Africa.

Assim, a nossa missão é divulgar que os “nossos corpos precisam do sol, do ar, da água, da terra, das plantas (...) e “para facilitar a digestão, devemos sempre observar a combinação dos alimentos”.
Pois, ensina o supradito Mossén que “para recuperar e manter a saúde, temos necessidade, além de restabelecer a capacidade nutritiva, melhorar a digestão e a assimilação, ainda, de ar livre, sol, exercício, repouso suficiente, sono suficiente, equilíbrio emotivo, ausência de costumes desvitalizantes e enervantes.” Pois “o homem é a soma dos efeitos de todos os fatôres da vida. Ele não é o que come, como não é o que pensa. É, antes em grande parte, função da sua maneira de viver e das suas omissões.”

“As pessoas podem recuperar a saúde cessando de pecar contra o seu próprio corpo”.


E já é ultrapassado o momento de saber-mos isto.

Abeba

sábado, 21 de novembro de 2009

CONTRIBUIÇÃO (,) ALKEBULANO.

1. Povo uma pessoa sugeriu-nos a transformar o nosso blog em website. O que acham disso? É característica do blog durar mais para abrir. Contudo, eu gostei da experiência de criar um blog, de poder através dela transmitir, quase livremente, um pouco da visão e orientação afrocêntricas. Apesar de Website assustar pela sua maior dimensão, já dê-mos os primeiros passos para criá-lo.

2. Por o Website exigir mais colaboradores, se definitivamente optar-mos por ele, precisaríamos de mais contributos, por isto, deixamos neste artigo a possibilidade de tu, sim tu que estás a ler este artigo, dares a tua contribuição em benefício de Alkebulan.

Outra informação, brevemente a Waaldé divulgará aqui o seu mais novo (e também antigo) projecto de formação, educação, de pesquisa, afrocentrado, ou seja, centrado na história de Alkebulan (actualmente Africa).

Ainda, que no passado Setembro (2009) conseguimos, quatro jovens mulheres com capacidades e habilidades diferentes, organizar e realizar uma formação de produção e comercialização de doces, auto-emprego de, também, jovens mulheres, residentes na pobre localidade de Achadinha, mas de baixa-escolaridade e mães solteiras. Dezasseis mulheres aprenderam o que precisam para constituir uma cooperativa, a fazer doces caseiros, artesanais e de muita qualidade, a comercializar produtos (sob os princípios do comércio justo), entretanto, legando-as a responsabilidade e iniciativa de criar o seu próprio emprego. Um projecto sócio-económico de resultados contínuos.

Ababa Abenaa.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

QUÊNIA: ENTRE TRADIÇÕES E A GLOBALIZAÇÃO


Este artigo vem de encontro à vontade de um queniano de expressar algumas idéias sobre seu país natal, o qual espera que este texto seja bem elucidativo e esclarecedor sobre questões de suma importância.


Geografia Física e Política do Quênia
O Quênia é um país do leste africano, cujas fronteiras limítrofes são: Ao norte a Etiópia; Ao nordeste a Somália; Ao leste o oceano Índico; Ao sul a Tanzânia; À oeste a Uganda e o lago Victória (lago este de grande importância por fazer fronteira com três países – Quênia, Tanzânia e Uganda); E ao noroeste o Sudão. Sua latitude fica entre 5º ao norte e 5º ao sul do Equador e sua longitude entre 30º e 45º a leste do meridiano de Greenwich.

Mapa do Quênia
Sua capital é Nairóbi (ao centro do país), mas a cidade queniana mais importante é Mombasa (devido ao turismo), localizada no litoral sul. O Quênia possui uma população de trinta e cinco milhões de habitantes. Sua área é de 582650 quilômetros quadrados e, no entanto, sua população não se distribui uniformemente, mas se concentra entre o sul e o centro do país, sendo o norte a região menos povoada.

Sua geografia física é bem variada, sendo sua divisão muito marcada pela linha do Equador. O relevo acima da linha do Equador tem planícies enquanto que ao sul temos montanhas, com seu maior pico no monte Kilimanjaro, com 5895 metros (inclusive este é o pico mais alto da África. O Kilimanjaro faz fronteira entre o Quênia e a Tanzânia), e o segundo é o monte Quênia, com 5199 metros. O clima ao norte, o interior do país, é árido (quente e seco), enquanto que ao sul, região litorânea, é tropical (quente e úmido no verão, frio e úmido nas demais estações do ano).
Mapa físico do Quênia
Sua flora ao norte é de savana (vegetação africana parecida com a caatinga brasileira composta de gramíneas e arbustivas associadas a poucas árvores pequenas, retorcidas e de folhas caducas e cascas grossas), onde se abrigam elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas, búfalos, antílopes e gazelas (grandes mamíferos herbívoros), assim como leões, leopardos, hienas e chacais (carnívoros). Ao sul temos uma selva equatorial, densa, frondosa e exuberante (conhecida como Taita Taveta), que é habitat de inúmeras espécies de aves, símios (chimpanzés e gorilas), répteis, anfíbios e insetos.
História sucinta do Quênia
Na bandeira queniana, o preto representa nossa cor, o vermelho é o sangue de nossos antepassados, o verde representa nossa terra, as listras brancas significam a esperança na paz e as armas tradicionais ao centro as ferramentas de combate ao domínio britânico.

O Quênia, enquanto país, é uma construção política decorrente de sua colonização britânica (iniciada durante o século XIX e somente terminada em 1963), responsável pelas fronteiras que hoje conhecemos, com o intuito de dividir etnias aliadas e unir rivais. Assim, sua população se enfraqueceria entre disputas internas e os colonizadores teriam maior facilidade em explorar suas riquezas naturais. Porém, os primeiros homens brancos a chegar às terras quenianas foram os expedicionários alemães (em 1885), mas não tiveram interesses coloniais, o que deu oportunidade à Inglaterra de iniciar sua colonização de exploração em 1890.

Devemos nos lembrar que os mais recentes estudos apontam para a África como o berço de todas as civilizações, onde surgiram os primeiros Homo sapiens, sendo que os fósseis mais antigos de Homo habilis e Homo erectus, datados de dois milhões e seissentos mil anos, foram descobertos na região do lago Turkana, ao norte do Quênia. Logo, cada etnia africana (o que inclui as quenianas) tem uma história milenar, muito mais antiga do que as dos colonizadores europeus, que pouco se importavam para a cultura africana e só estavam interessados na exploração econômica destes povos.

A humanidade tem suas raízes mais profundas na África, o berço de toda a civilização
Anteriores à colonização branca, as tribos eram agrupamentos populacionais de cultura muito rica, onde os anciãos eram seus líderes naturais, escolhidos por serem os portadores de uma grande sabedoria (inclusive porque a cultura de suas tribos é predominantemente oral, ou seja, como sua história não constava em livros, são os idosos os verdadeiros portadores da história de seu povo), de uma maneira próxima ao que conhecemos das tribos indígenas brasileiras. A natureza era tratada com respeito e o homem se enxergava como parte de um todo, não como um ser superior com o direito de explorar o que quisesse sem a menor responsabilidade. São mais de cinqüenta tribos presentes no Quênia, divididas entre sete etnias distintas. Nestas tribos, a divisão do trabalho destinava às mulheres a agricultura e a pecuária (apenas para própria subsistência), os afazeres domésticos, o abastecimento de água (juntamente com as crianças) e a culinária. Aos homens cabia unicamente à caça, enquanto que a educação das crianças era responsabilidade dos idosos.

A colonização inglesa iniciou-se, como já dito anteriormente, em 1890, onde os britânicos obtiveram minerais preciosos (inclusive quase esgotando todas as reservas de ouro), recursos naturais (madeiras e especiarias) e escravizaram nossa população. Isto perdurou até o início da década de 1950, quando surgiram movimentos de libertação do povo queniano, sendo o principal um movimento da tribo Gikuyu (de etnia Kikuyu) denominado Mau Mau (Burning Spears).

Inúmeras vidas foram dedicadas pela liberdade de um povo que muito sofreu com a exploração branca, e a conseqüência destes atos heróicos foi que, em 1963, os britânicos foram expulsos das terras quenianas. No dia 12 de dezembro de 1963, a Inglaterra reconheceu a independência do Quênia.

Um dos principais líderes do movimento Mau Mau, Mzee Jomo Kenyatta, se tornou símbolo da luta libertária de seu povo (assim como Nelson Mandela e Steve Biko foram para a África do Sul) por ter sido preso e torturado durante sua jornada em busca de igualdade e respeito à sua população. Em 1964, Mzee Kenyatta foi nomeado o primeiro presidente do Quênia pelo partido KANU (Kenya African National Union, ou União Nacional do Quênia africano).
Política contemporânea do Quênia
Mzee Kenyatta foi presidente até sua morte, em 22 de agosto de 1978. Seu vice, Daniel arap Moi, da tribo Turgen (etnia Kalenjin), assumiu o cargo pouco após a morte de Mzee Kenyatta, no dia 14 de outubro de 1978 e manteve o posto com mãos de ferro até 2002 (pelo partido KANU).

Nesse tempo, crises afetaram o país devido à postura ditatorial de Moi, tendo seu ápice no final da década de 1980, com lutas sangrentas entre as tribos Gikuyu e Turgen. Tais conflitos tomaram proporções gigantescas, principalmente quando as etnias uniram diversas tribos, Kikuyu contra Kalenjin, colocando mais de setenta porcento da população em conflito. Em 7 de Julho de 1991 aconteceu uma assembléia que reuniu os descontentes com o governo Moi, onde o povo clamava por democracia. Moi mandou impedir tal assembléia utilizando-se da força policial, o que gerou o massacre mais sangrento da história do país. Os policiais reprimiram o movimento usando de força bruta, o que causou milhares de mortes e inúmeros feridos.

Após todas estas mobilizações, Moi aceitou fazer eleições diretas em 1992. No entanto, seja pela oposição ao governo estar dividida em onze partidos (o que enfraqueceu seus resultados nas urnas), seja pelo controle do processo eleitoral ser feito pelo próprio Moi (com abuso de fraudes), foi assim garantida sua continuidade no governo até 1997, quando Moi repetiu seu processo maquiavélico de fraude, somado ao agravante da oposição de dividir agora em vinte e seis partidos (o que a enfraqueceu mais ainda). Assim, mais uma vez houve continuidade de sua ditadura não oficializada até 2002.

Neste ano, a constituição impediu o presidente Moi de ser candidato novamente. Ele indicou Uhuru Kenyatta (filho do primeiro presidente, Mzee Kenyatta) como novo candidato do partido KANU. Os 10 maiores partidos de oposição se uniram em uma única legenda, denominada NRC (National Rainbow Coalition, ou Coalizão Nacional do Arco-íris). Seu candidato, Mwai Kibaki (da etnia Kikuyu) enfrentou o candidato Uhuru Kenyatta. Mwai Kibaki, que já era um dos vices-presidentes na época do Moi, foi eleito e hoje é o presidente do Quênia, após 24 anos de ditadura Moi.

É claro que Moi não manteve o poder sozinho, mas graças ao apoio de milionários estrangeiros, que colaboravam para sua permanência no governo com o financiamento de suas falcatruas, tendo visibilidade no escândalo de Goldenberg, onde foi descoberto que o governo vendeu ouro nacional a estrangeiros, numa soma equivalente a bilhões de dólares, para uso pessoal dos governantes. Tal escândalo não se resolveu até hoje e o caso ainda circula pelos tribunais.

Economia do Quênia
A moeda oficial do Quênia é o Shilling (nome de origem inglesa).

Os principais produtos agrícolas quenianos são chá, café, milho, trigo, laranja, banana, abacaxi, abacate, girassol, soja, sisal, algodão, coco, cana-de-açúcar, batata, tomate, cebola, arroz, feijão, mandioca e caju. Nossa pecuária tem como predominante a cultura de bovinos, suínos e caprinos, além de piscicultura e avicultura (ou seja, vacas, porcos, cabras, peixes, galinhas, perus, patos, gansos e pavões). Nossos minerais extraídos são a pedra calcária, soda cáustica, ouro, sal e flúor.

A indústria queniana produz plásticos, refino de petróleo, artefatos de madeira, tecidos, cigarros, couro, cimento, metalurgia e comida enlatada. O turismo também rende bons lucros, principalmente em Mombasa (litoral) e na savana queniana (interior). A exportação é forte em chá e café, enquanto que importamos maquinários, alimentos, equipamentos de transporte e petróleo (e seus derivados).

O lago Nakuru, habitat natural de flamingos, é um dos pontos turísticos mais importantes, próximo a capital Nairóbi.

O principal problema econômico do Quênia hoje é o alto índice de desemprego, sendo que metade da população economicamente ativa se encontra desempregada, enquanto que mais da metade dos quenianos empregados recebe salários baixíssimos (de oitenta a cem dólares, ou quase duzentos e setenta reais). Outro problema sério que enfrentamos é alta corrupção, sonegação de impostos pela classe economicamente alta (enquanto que os verdadeiros encargos pesam no bolso dos mais pobres, isto é, a maioria do país) e desvio de verbas públicas, principalmente nos investimentos ligados ao transporte e infra-estrutura viária.
Cultura do Quênia
A língua oficial do Quênia é o inglês, mas fora das salas de aula, o idioma dominante é o Swahili, uma junção do árabe com a língua dos bantus. O Swahili é tão importante que é utilizado em vários países do leste africano, como Uganda, Tanzânia, norte do Moçambique e sul da Somália (o que facilita inclusive os negócios entre tais países). Por esta abrangência de domínio da língua Swahili, dá para se perceber o quanto que a língua inglesa é uma imposição da cultura branca. Cada tribo tem seu próprio dialeto como característica de sua cultura regional, o que faz do Quênia uma nação com mais de cinqüenta dialetos.

Em Quénia, os jovens do sexo masculino passam por um ritual de aceitação para a fase adulta. Este processo varia de tribo para tribo, mas acredito que o caso mais interessante é o da tribo Maasai (de etnia Kalenjin), uma das mais tradicionais que ainda mantém suas raízes fortemente: o jovem maasai para ser aceito como adulto deve combater um leão até a morte utilizando apenas uma espada, sem qualquer tipo de escudo, muito menos armas de fogo. Já a maioria das tribos, como os Kikuyus, por exemplo, utiliza-se de rituais mais simples, como a circuncisão. As garotas também tinham seu processo de iniciação da fase adulta, que consistia na amputação do clítoris para restringir a vontade e o prazer sexual após o casamento, mas hoje em dia esta prática está em desuso, devido aos princípios de direitos humanos em questões de gênero serem mais discutidos, mesmo nas tribos mais isoladas.

A religião é variada e rica: Nas tribos mais tradicionais, ainda se tem a religião politeísta relacionada com a natureza, isto é, deuses da chuva, da seca, do Sol, da terra, da água, etc; Por outro lado, a colonização trouxe o cristianismo presente no catolicismo, protestantismo e até o satanismo. O casamento, tanto nas cidades grandes como nas tribos mais remotas, funciona da mesma maneira: é tradicional a poligamia, isto é, um homem pode ter várias esposas, assim como uma mulher pode ter vários maridos. No Quênia, ao se acertar o casamento, o chefe de família - aquele (ou aquela) que terá vários cônjugues - é quem oferece o dote ao sogro.
Em cada região do interior, cada tribo ensina a suas crianças seu folclore, suas lendas e tradições, logo, pela grande quantidade de tribos, torna-se impossível listar aqui cada um dos folclores tradicionais. Nas escolas das grandes cidades quenianas, como são presentes várias tribos e etnias, não se ensina as peculiaridades de cada uma, mas a cultura do branco britânico (que ficou como herança da colonização). O que vejo como desvantagem, pois assim a cultura tradicional vai se perdendo e as futuras gerações vão pouco se importar para a verdadeira história de seu povo.
A culinária é tão rica quanto o folclore, tendo sua variação tão numerosa quanto nossas tribos. Dependendo dos produtos alimentícios mais representativos de cada região, a alimentação será mais influente neste aspecto. Por exemplo, ao norte do país, por causa da região árida, a caça é muito praticada, assim sua alimentação é rica em carne. Ao sul, por existir uma grande produção de caju, a castanha deste fruto é a base de muitos alimentos. Em grandes cidades, come-se de acordo com o dinheiro que se possui. Como a carne de frango é muito cara, a alimentação mais barata tem por base carne bovina e arroz.

No esporte, com exceção do basquete (praticado não profissionalmente) não temos a tradição de esportes coletivos (como o futebol): O Quênia mostra sua força através dos esportes individuais, como o atletismo, onde os Kalenjins são grandes representantes, principalmente entre os velocistas. Outros esportes muito praticados são o rugby e o cricket. Os jogos mais tradicionais são o xadrez, o scrabble (jogo de palavras cruzadas), jogos de dados e o monopoly (tipo de “jogo da vida”).

Na arte queniana, não se tem o costume de valorizar um artista em particular: a produção fica, assim, coletiva. E, da mesma maneira que a culinária e os dialetos, cada tribo tem sua cultura característica, o que faz do Quênia uma nação artisticamente muito variada. Nas cidades grandes, a globalização altera a arte, de maneira que os expoentes estrangeiros são muito mais influentes que os quenianos. Antigamente a maior tendência era a britânica, mas hoje surge um surto de influências japonesas de grande importância.
Na arte queniana, é notável a característica coletiva acima de nomes individuais de artistas.

Desta maneira, este queniano ressalta o valor de seu país, pois segundo o mesmo se não acharmos uma identidade forte que dê orgulho ao nosso povo, podemos sofrer um etnocídio perante uma globalização tida como positiva, mas que realmente não é neutra, muito menos boa – ou se tem cuidado ao se inserir no processo global, ou perderemos nossas raízes em pouquíssimo tempo.

Fonte: cdcc.sc.usp.br

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mais legado de Orgulho e Unidade

Coroado rei (negus) em 1928 e proclamado Imperador da Etiópia no dia 2 de novembro de 1930, Sua majestade, Haile Selassie I, o 225 descendente do Rei Salomão e da Rainha de Sabá, assim recebeu oficialmente os títulos sagrados escritos no Kebra Nagast - o poder da Trindade, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judah, eleito de JAH e luz do mundo - que foram reservados para os adventos da segunda vinda de Cristo.

O Imperador e Rei Haile Selassie I, fez muitas obras sociais e políticas, uma série de reformas na Abissínia, como a abolição dos escravos, construção de rodovias, escolas, hospitais, o Banco da Etiópia, uma nova moeda, aeroporto internacional, apoio para estudantes que queriam estudar no estrangeiro, a primeira Constituição escrita da Etiópia e uma Assembleia Nacional, através do voto directo. Em 1963 ele foi o principal líder na criação da Organização da Unidade Africana, ora com sede em Addis Ababa (capital da Etiópia). Mais guardou toda a cultura Cristã Ortodoxa, além de criar a Liga das Nações.
Nos seus vários discursos para a humanidade, nomeadamente “Enquanto existir uma raça superior e outra inferior, cidadãos de classe A e B, não haverá Paz na Terra”, evidencia que a Raça mais importante no mundo é a Humana.
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Coroado no trono Salomônico na Catedral de São Jorge, Addis Ababa, como Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judah, sentada ao seu lado estava sua bela rainha negra, Imperatriz Menen, juntamente com a jovem princesa Asfa Wossen e Makonnen.

Descendente do Profeta Maomé, assim como da linhagem de Davi, Menen era bisneta do Imperador Menelik II, o forte, reformando a monarquia que governava a Etiópia na secunda década do século XX. Em toda a realeza de sua postura, abdicação do centro de sua grande família, ela acreditava devotamente nos ensinamentos da Igreja Ortodoxa Etíope, uma fé que ela não abandonou nem mesmo nos tempos de grandes dificuldades tal como os anos de exílio na Bretanha (1936-41).

Em sua coração, Haile Selassie I quebrou uma antiga tradição que foi um dos mais cruciais rompimentos de sua era. Não era permitido que a Imperatriz fosse coroada no mesmo dia que o Imperador. Mas, determinado a criar uma base de igualdade para sua união, o Imperador insistiu que a Imperatriz fosse coroada juntamente com ele.

Um só amor, um coração, um só destino, um só Deus.