quinta-feira, 23 de julho de 2009

De regresso à (actual) Addis Ababa ...

PARTE I - Em honra e homenagem ao grande líder africano, Rei dos Reis, Sua Majestade, Haile Selassié, o primeiro, descendente de Davi ...

Vinte três de julho é o dia de nascimento do imperador de Ethiópia, Sua Majestade Hailé Sellassié I, descendente de Davi, que sempre preocupou-se em manter a aliança feita com Deus, pregando a espiritualidade em detrimento da religião, esclarecendo que devemos resgatar a Espiritualidade pois ela é o conjunto de regras ditadas por Deus enquanto a Religião, um conjunto de regras ditadas pelo Homem. Pelo que devemos todos nos esforçar para seguir o caminho da verdade e da rectidão, sem nos preocupar-mos com a cor da pele ou do dinheiro.

Ensina-nos que os homens não devem venerar a imagem de um Homem, mas sim a do Todo Poderoso, em espírito e na verdade. Que «é necessário conduzir do jeito que fomos ensinados pela Bíblia».

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PARTE II - Quando pequena subtraia notas de moedas estrangeiras da carteira da minha mãe para coleccionar. Consegui de Tanzânia, Quénia e Ethiópia. A minha mãe sempre dizia-me que Ethiópia não se parece com a imagem divulgada pelos meios de comunicação. Ela dizia-me ter visto muita beleza e fartura, e sempre trazia-nos produtos artesanais lindos.

Durante a minha juventude soube que Cabo Verde é Ethiópia, e que Ethiópia era como se chamava todo o continente africano depois da chegada dos europeus. Que, por sua vez, o continente africano se chamava Alkebulan ou jardim de Edén. E, passei a sentir-me alkebulana e não apenas cabo-verdiana. Procurei a nossa beleza e encontrei-a, a nossa cultura e vivi-a ORGULHOSA, e a nossa história, obtive-a.

A primeira vez que viajei para o nosso Continente africano, estava entusiasmada, não me importava com a pobreza, as inundações, a fome e a doença, os crimes, só interessavam-me as árvores, o solo, o sol, o céu, as estrelas, o ar, o cheiro, as cores, os produtos, a beleza das pessoas. Nas outras vezes procurei as mesmas coisas e nesta última, à Addis Ababa, a nossa motivação espiritual.

Cheguei na Ethiópia com a vontade e o plano de conhecer os locais onde albergam a nossa história (museus, fundações), os nossos produtos, algodão puro, prata típica, e os símbolos. Não sabia era que tinham pessoas predestinadas a dificultar-me lograr este intento. Chegara até aí e as coisas sucederiam apenas conforme a minha determinação e a misericórdia de Deus. Uns cabo-verdianos ali residentes dizeram-me que os museus estão sempre fechados, as igrejas impenetravéis, os locais históricos distantes, o Rei dos Reis, Sua Majestade Hailé Selassié, descendente de Davi, feiticeiro e opressor do seu próprio povo (Dá para acreditar?).

Todos os dias, metiam-me no carro, como, quase, uma princesa babilónica, e dirigia-mos a Addis Ababa para ver, acreditem, apenas computadores e seus acessórios em centros comerciais, para depois, à tardinha, retornar-mos à casa, exaustos e mais um dia em Addis Ababa - Ethiópia, quase resignada com o seu cheiro, sol, ovelhas e pessoas, aparentemente assustadas. No dia seguinte, sempre, a mesma trajetória.

Pedi pouco, apenas a nossa história, e obtive nada. Esgotada, decidi procurar tais locais, sozinha. Levantei-me cedo, sai com as pessoas que íam para o trabalho, pedi para ser colocada no Museu de Addis e lá encontrei muita beleza, cultura e história, embora o pouco tempo.

Aproveitamos a máquina fotográfica e tiramos fotos de tudo o possível e combinámos, eu e o guia turístico, o Chapi, dele enviar-nos, conforme solicitação, os conteúdos da história.

Antes publicaramos, um pouco sobre a nossa ancestral Lucy, hoje deleito-vos com as fotos (amadores) do quotidiano da actual Addis Ababa e do Museu onde preserva, ainda, alguma história da nossa ancestralidade africana.

Por Abenaa.

1 comentário:

  1. Comentário I:
    Um relato maravilhoso Abenaa.Eu, enquanto professor no Brasil, usarei essa matéria para trabalhar História da Alkebulan/Ethiopia/Áfrika com meus alunos. Usarei também como argumento em debates com inúmeros africanos que residem no Brasil e se comportam com essa mesma mentalidade mesquinha ao negligenciar deliberadamente informações importantes em relação a Áfrika.
    No Brasil a grande maioria de pessoas que viajam ou viajaram a Alkebulan omitem as informações quando não as distorcem, com mentes tacanhas viajam ao continente procurando problemas e desgraças, que é o que desejam a essas terras e a esse povo na verdade.
    Kwesi

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