segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dias de Dor, Noites e Morte.


Mumia Abu Jamal - 2005


De manhã, o preso grisalho em serviço na galeria me traz o café e as últimas notícias chocantes.
-Lembra do tal Woolfolk*, Mu**?
-É, que tem ele?
-Se pendurou de noite.
-Pára com isso,cara!Tá brincando?
-Sem onda, cara. Ele tá morto .Levaram ele pra fora de noite.
Meu pensamento saltou para a tranqüila noite de sono que passou sem que eu me desse conta da tragédia que estava se desenrolando a algumas celas da minha. Uma noite da angústia de um homem encerrado com a ajuda de um lençol e um nó.
Craig Woolfolk :aproximadamente 41 anos, totalmente maníaco, com uma voz esganiçada e rouca de beber uísque. Ele não parava de tagarelar, fazia brotar irritação em muitos .Agora tinha finalmente se calado.
Woolfolk...eu gostava do nome, mas não prestava muita atenção ao homem. O nome woolfolk parecia mito apropriado para um negro. O tipo era um tagarela compulsivo e sua voz tinha roubado muitas noites de descanso dos outros .Penso inesperado e suposto suicídio e no de muitos outros , como Pipehead, que havia poucas semanas também tinha buscado o alívio na morte. Isso me fez pensar na petição escrita pelo mártir e ministro naturalista do MOVE***, Frank África, no vergonhoso caso África versus Comunidade da Pensilvânia, onde o MOVE reinvidicava o direito à sua dieta alimentar religiosa..


*

(...) o tribunal negou a petição, mas a questão estava colocada. Na sua petição, o ministro Frank, explica , com eloqüente oratória, a contradição entre a negativa do Estado à saúde e sua dieta da morte:

“ Nossa doutrina , que devemos a generosidade de nosso Mestre (John África) , supera a amargura do ciúme, preenche o vazio que esse ódio causa e gera respeito e confiança onde antes existia ciúme. Isso está provado nas prisões que adotaram nossa dieta e onde somos amplamente respeitados graças a orientação que damos a todos que sofrem a privação praticada pelo sistema...O tempo todo, o sistema penitenciário fornece uma dieta regular de cigarros que priva as pessoas de sua saúde; fornece uma dieta alimentar de porcarias de todo tipo que destrói os dentes das pessoas;perpetua uma dieta de perversão que priva as pessoas de sua sexualidade; estabelece uma dieta de controle de natalidade que priva as pessoas de sua fertilidade;promove uma dieta de drogas e remédios que tortura o espírito e priva as pessoas de sua verdadeira sanidade. Quando o sistema questiona a importância de nossa dieta , sem questionar toda essa insanidade que ele mesmo promove, é preciso examinar atentamente esse comportamento retrógrado, porque nossa dieta é , sem dúvida nenhuma, inofensiva, mas essa desordem é tão questionável quanto o sistema católico que a produz.É por isso que também é absurdo negarem o direito a pretexto de que os prisioneiros poderão usá-la para fabricar vinho .Isso é um insulto descarado.
São as prisões, é esse sistema que permite e favorece dessas distorções em tudo o que toca, e não o MOVE. John África nos fez puros, bons e sábios...É ridículo que o sistema penitenciário se preocupe com a possibilidade de que se fabrique vinho e, esquizofrenicamente, bombardeie com Thorazine , embebede as pessoas com sucos calmantes, fenobarbitúricos, embriagando seus corpos com todo tipo de produtos químicos devastadores que destrói as emoções, roubando sua sobriedade com a arma dos barbitúricos, intoxicando as pessoas com depressivos e estimulantes, administrados aleatoriamente, deixando as pessoa bêbadas e tomadas por um desespero cam baleante, que conduz ao colapso , a ponto de se agarrarem ao suicídio na tentativa de escapar dessa diabólica maquinação, a ponto de se enforcar em busca de alívio; a abrir seus pulsos, a cortar suas gargantas, a rachar seus crânios em desespero , tentando aliviar a dor que o sistema inflige, que, forçando as pessoas ao limite da insanidade, não deixa outra escolha a não ser o saltar para a morte....Nós temos visto essa tragédia muitas e muitas vezes;macas transportando as vítimas dessas atrocidades, assassinadas por esse invasor que pratica a tortura”.


Porque: Por que eles continuam chamando isso de “sistema correcional”?


Janeiro de 1990



Extraído originalmente de Mumia Abu Jamal Ao Vivo do Corredor da Morte.

*literalmente , wool é lã macia, espessa e crespa de carneiros, e folk é a pessoa, camarada. O autor se refere ao cabelo crespo comum em pessoas negras.(N.T.)

**Mu : apelido de Mumia Abu Jamal na prisão

*** A organização MOVE é uma organização revolucionária onde os membros vem de várias nacionalidades e origens. A organização MOVE foi fundada no começo dos anos 70 por um homem preto chamado John África. Todas as pessoas do MOVE tomaram o último nome por África em reverência e respeito pelo nosso fundador, John África, e também para demonstrar que somos unidos, uma família. Contrariamente ao que a imprensa costuma dizer, o MOVE não é um culto ou uma comunidade. Nós somos uma família de revolucionários que vive junta como uma família. As pessoas do MOVE são encorajadas a se comprometerem ao princípio do casamento,e cada membro do MOVE tem um companheiro (a) quando casado (a). O nome MOVE não é uma sigla, ele significa exatamente o que diz ---- mover -- produzir --- ser ativo. Significa se mover contra este sistema podre e corrupto que é a raiz de nossos problemas.
Por Kwesi.
Um Africano na Diáspora.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Alto Cutelo

Épocas e dias difíceis, marcaram o nosso povo, abaixo do jogo colonial, onde a emigração fruto da mão de obra barata, contribuiu para a separação de famílias e a provocar a instabilidade económico e social e originando a destruturação do continente Africano e enquanto que a terra do colonizador se desenvolvia com base na exploração.
O grito de revolta gravada no coração juntamente com a esperança de um dia poder regressar para o nosso continente.
Então um momento para reflectirmos com o poema de Renato Cardoso que se chama “Alto Cutelo”, que foi interpretado pelo grupo musical Cabo-verdiano “Os Tubarões” no álbum “Pepe Lopi”.


Alto Cutelo

Na alto cutelo cimbron dja ka tem
Djâ seca
Raiz sticado djobi agu k’atcha
Djâ seca
Agu stâ fundo e homi ka trál
Dja seca
Mudjer um simana sê lumi k acendi
Na kaza
Se fidjo na estrada, só um ta trabadja
Pa dozi mil rés
Marido dja dura ki bai pa Lisboa
Contratado
Pa é bai pa Lisboa é bendi se terra
Metadi di preço
Ali tâ trabadja na tchuba, na bento
Na frio
Na CUF, na Lisnave e J. Pimenta
Explorado
Môn d’obra barato pâ más ki trabadja
Serventi
Môn d’obra barato barraca sem luz
Comida à pressa
Inda más enganado pâ sê irmon brancu
Enganadu, exploradu

Ma um dia ki’n vrâ pa terra
Monti Gordo i Malagueta
Nhôs tem ki da’m agu
Ku força na braço
Consciência é di mim
É mi ki trabadja
Terra e poder é pâ mim

Cu cimbrom na cutelo
Mínimo na tchon
E barco na porto

Nôs terra, nôs terra…


Kwabena

terça-feira, 16 de junho de 2009

Boaventura Sousa Santos escreveu

A New 7 Wonders Portugal, SA está a lançar um concurso com vista a eleger as "7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo". Os resultados serão conhecidos no próximo dia 10 de Junho. Estamos, pois, no mundo dos negócios e do mediatismo, e os critérios por que se pauta este mundo têm pouco a ver com a busca da verdade ou da justiça. Têm antes a ver, neste caso, com os lucros que podem ser obtidos com a exploração da história, da obtenção de direitos de exploração do conceito "7 Maravilhas", da publicidade, da promoção do turismo, etc. Perante isto, pode estranhar-se o incómodo e o protesto que este concurso tem vindo a suscitar no espaço de língua oficial portuguesa, envolvendo sobretudo investigadores que se dedicam ao estudo do império colonial português ou ao estudo dos países independentes que emergiram do fim do império e educadores que, neste espaço, procuram passar às novas gerações uma visão complexa da história que, longe de ser passada, continua a afectar as suas sociedades e as suas vidas.

O incómodo e o protesto têm razões fortes e a principal é que este concurso implica não apenas com a História de Portugal, mas também com a história dos países que estiveram sujeitos ao colonialismo português, e fá-lo de modo a ocultar, precisamente, o colonialismo, ou seja, o contexto social e político em que esses monumentos foram erigidos e o uso que tiveram durante séculos. O olhar que é orientado para ver a beleza da arte e da arquitectura dos monumentos é igualmente orientado para não ver o sofrimento inenarrável dos milhões de africanos que, entre o século XV e o século XIX, sacrificaram a vida para que muitos desses monumentos tivessem vida, quer os monumentos onde foram comprados como "propriedade móvel" quer os monumentos que foram construir no outro lado do Atlântico.

Portugal foi um participante activo no tráfico de escravos, a maior deportação da história da humanidade, que só na África Ocidental envolveu entre 15 e 18 milhões de escravos. Se tivermos em mente que, por cada escravo que chegou à América, cinco morreram nos processos de captura, no transporte do interior para os armazéns (alguns deles, os monumentos de hoje), durante o cativeiro à espera de transporte ou na viagem, estamos a falar de 90 milhões de pessoas. E não esqueçamos que a esperança média de vida dos que chegavam à América era apenas de mais cinco ou seis anos.

Os monumentos devem ser respeitados e recuperados para nos devolverem a história, não para a ocultar. É por essa razão que ninguém imagina que se promova a visita a Auschwitz apenas para conhecer a arquitectura carcerária modernista da Alemanha. É, por isso, perturbador que o comissário do concurso diga que "esta visita ao património de origem portuguesa no mundo é feita com um sentimento de orgulho e de satisfação pelo legado histórico do nosso passado", e acrescente que "os fluxos de pessoas e de informação à escala global aproximam-nos de todos enquanto partes constituintes de uma mesma humanidade". Teremos de concluir daqui que, porque o tráfico de escravos foi um desses fluxos, os monumentos são um monumento ao colonialismo português? (...)"
SE QUISER OBTER INFORMAÇÕES SOBRE O QUE OS PORTUGUESES PENSAM DA ESCRAVATURA E DO COLONIALISMO ACESSE: http://aeiou.visao.pt/monumentos-e-colonialismo=f507455

segunda-feira, 15 de junho de 2009

1ª Universidade Africana de Juventude e Desenvolvimento

Jovens líderes vindos de Europa (Suécia), Brasil, África (Zimbabué) estão desde 13 de Junho de 2009 na Vila do Tarrafal, ilha de Santiago, a preparam-se para serem junto das suas respectivas comunidades, plataformas juvenis e, ainda, no posicionamento estratégico junto dos seus respectivos governos, multiplicadores de conhecimento em questões Políticas, Ambientais e de Género.

São cerca de 80 participantes mais 40 formadores e organizadores, que organizaram-se para numa semana realizarem quatro actividades: a 6ª edição do curso das relações Europa-África; um encontro dos jovens africanos e brasileiros; o encontro dos conselhos nacionais de juventude da CPLP; e ainda uma reunião de jovens líderes da zona oeste-africana. Na próxima quarta e quinta-feira arranca o Fórum Nacional de Juventude, que junta 80 jovens cabo-verdianos de todo o país.

Este encontro acontece todos os anos em Molina, Espanha, mas no seguimento da Cimeira da Juventude, que aconteceu em simultâneo com a Cimeira dos Chefes de Estado Europa/África (Lisboa, 2007), ficou decidido que o encontro seguinte deveria ser num país africano. Sendo que a escolha de Cabo Verde para acolher este evento resulta da Parceria Especial Cabo Verde/EU.

Outro dos objectivos deste encontro é ainda antecipar a próxima Cimeira Europa - África de Chefes de Estado, que acontecerá na Líbia em 2010.
Publicado por Abeba.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Valete - Nada a Perder

Ontem pequenos rebentos, hoje corações sangrentos putos sub-16, as ruas são os seus apartamentos, vêm daqueles bairros de má-fama, bairros problema onde repórteres do drama, não conseguem desligar a câmera, aqueles bairros onde toda a gente reza, mas nunca se vê um sinal só por baixo da pirâmide é que tu vês a classe social os bairros onde se faz caridade e onde se nega oportunidades, os bairros onde as mulheres passam a vida na maternidade putos comercializam todos os narcóticos mas na boca só entra wella, adora a escola, há lá bué de clientela, roubam carros, casas, lojas com toda a gente a vê-los ilícito porquê?! As ruas são deles é melhor temeres, evita qualquer confrontação e é melhor saberes que esses putos não tremem com armas na mão quando aparecem na tua zona, ninguém sai de casa no serão só as sirenes é que fazem os putos sair do quarteirãomas eles sabem que respeito nas ruas não é só para quem tem testículos, também é necessário, aparecer na esquadra para encher currículo, isto é a legislação das ruas e fraquejar é sacrilégio, é difícil confiar em alguém, ter amigos é um privilégiom, o povo chama-os de delinquentes, marginais, inconscientes, eles sabem que não têm futuro, mas eles têm o presente, e vão sempre vivendo o momento, com a mente, doente ou sãe pensam no dia de amanhã, só amanhã·

Sistema segrega e gera putos de corações sangrentos, nada a perder para quem nesta vida, vive ao momento, mal amados da nação, produtos de segregação, delinquentes puros, largam ódio em qualquer chão,
Sistema segrega e gera putos de corações sangrentos, nada a perder para quem nesta vida vive ao momento, mal amados da nação, produtos de segregação, delinquentes puros, não tremem com armas na mão,

Putos enteados do sistema têm na rua o corpo docente, muitos nunca viram o pai, porque a mãe não f**** bem o suficiente, pai ausente, mas estilo é o mesmo são pussy - dependentes, sentem amor por todas as chicas, desde que haja uma cama presente, dizem-lhes vá, sente, sexo de forma eloquente, quando elas vêm de barriga cheia, eles são inocentes, são muitas adolescentes com gravidez que não sabem a origem, lá nos bairros, aos 14 são lésbicas, se ainda forem virgens, putos seguem a caminhada, sempre com a polícia na interferência e sempre que saem da esquadra, dão entrada nas urgênciasnão é sarcástico dizer, que isso é pouco ou quase nada, basta um guarda com enxaquecas para perderem o corpo na esquadra, arriscada vida de risco, sempre acidentada, a morte bate à porta todos os dias até lhes apanhar em casa, aos centros de reinserção social, eles agradecem tamanha ajuda, lá podem comer, dormir e aprimorar técnicas de fuga, são esses putos que durante a noite fazem te ter mais 5 pernas, são eles que fazem cair ministros da administração interna, boas intenções não servem, para quem tem de sobreviver, eles querem tudo, não têm nada a perder, depois é ver a nossa oligarquia, erguer vozes contra esses chavais, que a sociedade marginaliza, e não quer que sejam marginais.

Sistema segrega e gera putos de corações sangrentos, nada a perder para quem nesta vida, vive ao momento, mal amados da nação, produtos de segregação, delinquentes puros, largam ódio em qualquer chão,
Sistema segrega e gera putos de corações sangrentos, nada a perder para quem nesta vida vive ao momento, mal amados da nação, produtos de segregação, delinquentes puros, não tremem com armas na mão.
Publicado por: KWABENA

Pergaminhos do Mar Morto



Fragmentos dos pergaminhos no Museu Arqueologico de Amman
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Os Pergaminhos do Mar Morto, ou manuscritos do Mar Morto são uma colecção de cerca de 850 documentos (em pergaminho), incluindo textos da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento), que foram descobertos entre 1947 e 1956 em 11 cavernas próximo de Qumran, uma fortaleza a noroeste do Mar Morto, em Israel (em tempos históricos uma parte da Judeia). Eles foram escritos em Hebraico, Aramaico e grego, entre o século II a.C. e o primeiro século depois de Cristo. Foram encontrados mais de oitocentos textos, representando vários pontos de vista, incluindo as crenças dos Essénios e outras seitas.

Os textos são importantes por serem praticamente os únicos documentos bíblicos judaicos hoje existentes relativos a este período e porque eles podem explicar muito sobre o contexto político e religioso nos tempos do nascimento do Cristianismo. Os pergaminhos contêm pelo menos um fragmento de todos os livros do das escrituras hebraicas, excepto o livro de Ester. Além de fragmentos bíblicos, contêm regras da comunidade, escritos apócrifos, filactérios, calendários e outros documentos.

Por que são de interesse para os cristãos:

Antes da descoberta dos Rolos do Mar Morto, os manuscritos mais antigos das Escrituras Hebraicas datavam da época do nono e do décimo século da era cristã. Havia muitas duvidas se podía mesmo confiar nesses manuscritos como cópias fiéis de manuscritos mais antigos, visto que a escrita das Escrituras Hebraicas fora completada bem mais de mil anos antes.

Mas o Professor Julio Trebolle Barrera, membro da equipe internacional de editores dos Rolos do Mar Morto, declarou: “O Rolo de Isaías [de Qumran] fornece prova irrefutável de que a transmissão do texto bíblico, durante um período de mais de mil anos pelas mãos de copistas judeus, foi extremamente fiel e cuidadosa.”

O rolo mencionado por Barrera contém o inteiro livro de Isaías. Diferentemente do Rolo de Isaías, a maioria deles é representada apenas por fragmentos, com menos de um décimo de qualquer dos livros. Os livros bíblicos mais populares em Qumran eram os Salmos (36 exemplares), Deuteronômio (29 exemplares) e Isaías (21 exemplares). Estes são também os livros mais freqüentemente citados nas Escrituras Gregas Cristãs.

Embora os rolos demonstrem que a Bíblia não sofreu mudanças fundamentais, eles também revelam, até certo ponto, que havia versões diferentes dos textos bíblicos hebraicos usadas pelos judeus no período do Segundo Templo, cada uma com as suas próprias variações. Nem todos os rolos são idênticos ao texto massorético na grafia e na fraseologia. Alguns se aproximam mais da Septuaginta grega. Anteriormente, os eruditos achavam que as diferenças na Septuaginta talvez resultassem de erros ou mesmo de invenções deliberadas do tradutor. Agora, os rolos revelam que muitas das diferenças realmente se deviam a variações no texto hebraico. Isto talvez explique alguns dos casos em que os primeiros cristãos citavam textos das Escrituras Hebraicas usando fraseologia diferente do texto massorético. — Êxodo 1:5; Actos 7:14. Assim, este tesouro de rolos e fragmentos bíblicos fornece uma excelente base para o estudo da transmissão do texto bíblico hebraico. Os Rolos do Mar Morto confirmaram o valor tanto da Septuaginta como do Pentateuco samaritano para a comparação textual. Os pergaminhos Fornecem uma fonte adicional para os tradutores da Bíblia considerarem possíveis emendas ao texto massorético. Por exemplo, em vários casos, eles confirmam decisões feitas pela Comissão da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, para restaurar o Nome de Deus nos lugares onde havia sido removido do texto massorético. Os rolos que descrevem as normas e as crenças da seita de Qumran tornam bem claro que não havia apenas uma forma de judaísmo no tempo de Jesus. A seita de Qumran tinha tradições diferentes daquelas dos fariseus e dos saduceus. É provável que essas diferenças tenham levado a seita a se retirar para o ermo. Eles se encaravam como cumprindo Isaías 40:3 a respeito duma voz no ermo para tornar recta a estrada de YHWH. Diversos fragmentos de rolos mencionam o Messias, cuja vinda era encarada como iminente pelos autores deles. Isso é de interesse especial por causa do comentário de Lucas, de que “o povo estava em expectativa” da vinda do Messias. — Lucas 3:15. Os Rolos do Mar Morto ajudam até certo ponto a compreender o contexto da vida judaica no tempo em que Jesus pregava. Fornecem informações comparativas para o estudo do hebraico antigo e do texto da Bíblia. Mas o texto de muitos dos Rolos do Mar Morto ainda exige uma análise mais de perto. Portanto, é possível que haja mais revelações. Deveras, a maior descoberta arqueológica do século XX continua a empolgar tanto eruditos como estudantes da Bíblia.

Israel Knohl:

O acadêmico israelita Dr. Israel Knohl, presidente do Departamento Bíblico da Universidade Hebraica de Jerusalém e professor convidado nas universidades de Berkeley e de Stanford, apresenta no seu livro: "The Messiah Before Jesus" (O Messias antes de Jesus), com base nestes pergaminhos, a tese de que à volta do ano do nascimento de Jesus Cristo tinha falecido um suposto Messias, chamado Menahem, o essénio, em circunstâncias semelhantes àquelas em que o próprio Jesus mais tarde viria a morrer. Jesus teria tido conhecimento desta história.

Menahem, ou Menachem, o líder de uma seita judaica de Qumran, anunciava aos seus seguidores uma nova era. Tentou liderar uma revolta contra os Romanos, mas acabou morto por estes, que proibiram que o seu corpo fosse enterrado; após três dias os discípulos de Menachem afirmaram que tinha ressuscitado e ido para o céu. Este grupo de discípulos, ao contrário dos cristãos, logo se dissipou.

Este Menahem teria, segunto Knohl, falecido por volta de 4 a.C.
Michael Wise:

Um outro académico, o cristão Michael Wise , professor nos Estados Unidos, afirma que o messias dos pergaminhos se chamava Judah e morreu de forma violenta por volta de 72 a.C.
Wise publicou o livro "The First Messiah" em 1999.

Controvérsia:

A associação de Jesus Cristo com a seita dos essênios ou sua influência sobre estes é controversa. Os essênios, que viviam em comunidades isoladas, tinham conceitos muito diferentes dos das outras seitas judaicas (Saduceus, Fariseus) sobre a Lei de Moisés. Preocupavam-se em especial com a purificação pessoal, eram geralmente celibatários e vestígios encontrados nas cavernas de Qumran indicam que se vestiam apenas com túnicas brancas e acessórios simples. Havia uma interpretação muito rígida da guarda do sábado, pois segundo suas regras, até fazer suas necessidades fisiológicas era considerado violação do sábado. É difícil conciliar ensinamentos tão rígidos da seita dos essênios com os ensinamentos de Jesus Cristo, que chegou a ser acusado pelos líderes da seita dos fariseus de violar o sábado e era visto com cobradores de impostos e pecadores, algo inadmissível para os moradores de Qumran. Note-se porém que os relatos dos cristãos sobre os fariseus distorcem por vezes a realidade, tentando criar uma maior diferença entre os fariseus e os cristãos.


Publicado por: Kwabena

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Shell, processo por abusos no delta da Nigéria

A multinacional petroleira anglo-holandesa Shell senta-se no banco dos réus em um tribunal de Nova York para responder a uma acusação sem precedentes: cumplicidade nos abusos cometidos contra os direitos humanos do povo ogoni da Nigéria. Dentre as execuções sumárias, figura a do poeta e ativista do meio ambiente Ken Saro. O caso é relevante pois se a Shell for condenada seria um acontecimento sem precedentes, pois é quase impossível conseguir que as empresas prestem contas sobre suas atividades em países em vias de desenvolvimento. O movimento fundado por Ken Saro-Wiwa denunciava, a partir dos anos 90, o que a produção de petróleo significava na terra dos ogoni: rios contaminados e sem peixes, chuvas tóxicas que contaminavam colheit as, devastação ambiental derivada da combustão de gás, vazamentos de petróleo e rompimento dos oleodutos.

Leia mais:www.rebelion.org/noticia.php?id=86051