domingo, 15 de março de 2009

Hip Hop Crioulo

O juízo de apreciação que a maioria dos caboverdianos têm do Hip Hop está hoje associado a criminalidade, violência, delinquência juvenil e, ainda, impregnada de pré-conceitos e discriminação.
Aconteceu ontem no antigo Cinema do Bairro Craveiro Lopes pelas 20:00 horas um Concerto de Hip Hop que reuniu no mesmo palco uns dos cantores considerados mais conceituados na Ilha de Santiago nomeadamente Republica, Afro-Democratas, Critikus, West Side. Na rua do cinema estavam muitos adolescentes e jovens, todos entusiasmados, a prepararem-se para a almejada grande noite; poucas mulheres vendedeiras a facultar produtos variados para todos os gostos desde o famoso pão com linguiça a guarrafas de fanta abastecidas de ponches caseiros.
A maioria da Juventude de Achadinha, inclusive Bairro Craveiro Lopes, estava ontem á noite no cinema do Bairro, o que tornou evidente a sua preferência cultural. Dentro do cinema, um jovem, bem alcoolizado, começa a antipatizar-se com uma cadeira empurrando-a, duas crianças brigam, e o sentimento colectivo era de medo. Medo que alguém iniciasse o que todos temiam: discórdia seguida de morte. E, ainda, para concluir, o som não estava bom.
O Hip Hop surgiu em Cabo Verde, por influência afro-americana, no ambiente de alguns jovens caboverdianos detentores de um espírito crítico, como uma forma adequada para intervir e expressar livremente, mais, particularmente, uma saudável alternativa de lazer. Viveu-se bons momentos de orientação em grupo. Aqueles jovens, apesar de igualmente desconhecedores da verdadeira História do Hip Hop, preferiam a inteligência em detrimento da violência, conscientes dos malefícios da violência e da Media.
O Hip Hop apareceu no Harlem, Estados Unidos da América, como uma luta de libertação, tempos depois da abolição da escravatura, numa época em que os africanos e seus descendentes nascidos na América não usufruíam dos seus direitos humanos básicos como o direito à liberdade e à determinação entre demais outros civis e políticos. Ergueram no Harlem, contra o racismo e a discriminação, revolucionários que utilizaram ritmos e poesias de intervenção para pregar a Igualdade Racial e Social naquele país.
Actualmente, em Cabo Verde, contrariamente ao seu sentido original, o Hip Hop é severamente criticado e discriminado pela população caboverdiana que está consciente de ser ele a causa principal da delinquência juvenil, isso integralmente por causa da postura dos próprios cantores (com a excepção dos 5% nação), que usam e abusam de drogas e violências (física ou verbal), não sendo os mesmos suficientemente exigentes para escrever uma boa poesia, reflexo das injustiças, desigualdades e mal- governação nacional e internacional.
Ontem, durante o evento, excepcionalmente, apenas dois grupos demonstraram-se preocupados em individualizar e divulgar um Hip Hop Crioulo recitando usos e costumes antigos como “tomar benção”.
Logo, notória a necessidade de estudo e conhecimento profundo da História de Cabo Verde, de mais demanda de informação e actualização sobre a realidade social e humana Caboverdiana, para somente depois com Hip Hop, reunindo assim preocupações e expectativas de uma grande maioria da população, exigir melhoria de qualidade de vida de Cabo Verde e caboverdianos.
É preciso escrever o valor da Mulher, o Amor, a Paz, a Sida, a nossa condição de arquipélago, a democracia, também o conceito de pobreza, as doenças tropicais e modernas, a deliquência juvenil, abusos sexuais infantil, violência doméstica, a participação activa dos caboverdianos na vida púbica, a necessidade de Transparência na Governação e, particularmente, o estado actual do nosso continente, entre muitos outros temas de relevância social.
Nós podemos.

Tchippie

2 comentários:

  1. Pode-se encontrar neste sítio a Declaração adoptada em Durban na Conferência realizada em 2001 contra o Racismo.

    www.lpp-uerj.net/olped/documentos/1693.pdf

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  2. Ya grandi artigo
    HIP HOP KRILO ALL DAY

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