sexta-feira, 8 de maio de 2009

Campo de Concentração do Tarrafal (1936 -1974)

Nos últimos dias da semana passada, na ilha de Santiago, no Tarrafal, aconteceu o Simpósio Internacional sobre o Campo de Concentração do Tarrafal, onde estiveram centenas de antifascistas portugueses e presos nacionalistas africanos. O simpósio teve a presença de quase todos os sobreviventes do Campo de Concentração, vindos de Portugal, de Angola, da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Seguiram-se os debates, agrupados por quatro painéis temáticos: a geração da utopia e o dever da memória; os ideais e os princípios; cidadania e direitos humanos; e, finalmente, que futuro para o Campo do Tarrafal?

Para além dos trabalhos do simpósio estava patente uma completa exposição sobre o que foi o Campo da Morte Lenta, como lhe chamaram, do Tarrafal.

Criado em 1936, em vésperas da guerra de Espanha, quando o regime salazarista se tornou mais duro e repressivo, alinhando completamente com a ascensão do fascismo, do nazismo e do franquismo. Foram anos horríveis.

Foi nominalmente extinto em 1954 e, depois, reaberto, com a vinda de presos nacionalistas africanos de Angola, de Cabo Verde e da Guiné, até ao Primeiro de Maio de 1974, em que foi finalmente encerrado, pelo povo cabo-verdiano, dias após a Revolução dos Cravos.
Quanto ao futuro, para não deixar apagar a memória e para conhecimento e compreensão dos vindouros, a ideia principal é transformar o campo - conservando o seu carácter desértico, inóspito e insalubre, para onde os prisioneiros eram remetidos para não resistir e morrer - num museu, testemunho da resistência e da liberdade e ao mesmo tempo, num centro internacional de pesquisa e de reflexão sobre as independências dos Estados africanos, do espaço da lusofonia, incluindo Timor-Leste.

1 comentário:

  1. Interessante que no mesmo dia em que foi finalmente encerrado o Campo de Concentração do Tarrafal hoje é feriado nacional em Cabo Verde, em homenagem ao Trabalhador. Esquecendo-se, nós, completamente desta grande infraestrutura histórica que muito contribuiu para cercear a liberdade do povo africano e directamente o Cabo Verdiano.

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