Há um mês começou a circular-se nas mídias cabo-verdianas de que o ilhéu de Santa Maria ou “Djeu”, situado na Baía da Gamboa, Cidade da Praia, finalmente foi concedido ao empresário macauense David Chow por um período de 75 anos, prorrogável por 30 anos e recebe Cape Verde Integrated Resort & Casino, um empreendimento turístico considerado por muitos como “o maior investimento alguma vez realizado no país”. Preocupada com os impactos sociais negativos deste investimento econômico e pretendendo proteger e preservar o valor biológico, histórico e cultural do ilhéu de “Djeu”, há duas semanas, uma rede denominada “Korenti di ativistas” organizou a ocupação do referido ilhéu (que resultou temporária) e assim manifestou-se publicamente contra o início das obras do resort e casino. Enquanto sujeitos de direitos e liberdades, alguns leitores do jornal online "A Semana" passaram a comentar o artigo sobre esta manifestação. Entretanto, certos leitores, com a permissão desse jornal online, voluntariamente, ultrapassaram o limite do bom-senso e do respeito mútuo, também identificaram os manifestantes como sendo “rastas” ou “rastafaray”, então, classificaram-lhes de “fundamentalistas, herbívoros, que odeiam trabalho, fumadores de padjinha (maconha), ladrões, malucos, desordeiros, preguiçosos, subversivos, sem norte, nem direção, chulos, inúteis, sem valor social, drogados, armados em ambientalistas” e consideraram que, para estes, o referido ilhéu significava apenas “um lugar de matar o stress dos charros que fazem para lembrar da filosofia Bob Marley”.
O que se leu e ouviu esses últimos dias em Cabo Verde acerca desses jovens manifestantes, que foram rotulados de rastas, bandidos e drogados tão-somente por causa do aspecto dos cabelos de alguns, tornam evidentes mentalidades preconceituosas que prejudicam os valores da liberdade e igualdade, preconizados logo após a proclamação da independência política na Constituição da República de Cabo Verde. Em qualquer Estado que se diz de Direito Democrático, a princípio, todas as pessoas beneficiam do direito à imagem e são livres para manifestarem ideias, opiniões, pensamentos conforme a convicção ou consciência, sem qualquer tipo de oposição, evidentemente dentro dos limites estabelecidos pelos costumes e na lei. E têm o direito de serem tratadas como seres humanos iguais e de forma tolerante independentemente da opinião política ou filosófica, aspecto, condição, gênero, raça, crença, etc. Sobretudo porque as imagens muitas vezes enganam, existindo pessoas com aspectos parecidos com alguns dos manifestantes denominados de rastas, mas nem por isso são bandidos e drogados, pelo contrário, são excelentes cidadãos e profissionais. Aaabraaammm as vossas mentes...por favor. O optar pela discriminação, a rotular os manifestantes de rastas, bandidos e drogados, entre outros nomes ofensivos meramente por causa do aspecto do seu cabelo, com total desprezo pela verdade, pois entre aqueles havia licenciados e profissionais, é um acto movido por ódio e puro Preconceitooo...
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