Amando como um louco, em busca da ventura,
procuro em vão no mundo uma mulher ideal!
Por cada amor que tive, uma mulher fatal
surgiu na minha estrada, e trouxe-me amargura!
Por cada amor que tive – um sonho meu desfeito,
um sonho encantador, que abraço com paixão!
Sonhar que se desfaz em cálida ilusão,
que abruma, sangra, fere e abandona meu peito!
Por cada vez que amei, imaginei um anjo,
uma mulher divina, altiva e caprichosa!
A flor do meu jardim, a perfumada Rosa,
um ente celestial mais puro que um arcanjo!
Por cada vez que amei, minha rosa sonhadora
sonhou prazer, ventura e um mundo delicioso ...
Viu tudo côr de rosa, ameno e fulgoroso,
E, ao fim, quedou-se triste, aflita e sofredora!
Por cada amor que tive, a minha lira pobre,
entusiasmada e alegre, o meu amor cantou.
A flor por mim amada, ao píncaro elevou
da pura adoração, da santidade nobre!
Desiludida, ao fim, em voz triste e pungente,
a lira que cantara, a minha dor chorou!
Em verso doloroso, amargo, ele cantou
meu mal, minha ilusão, a sina dum sofrente!
Por cada amor que tive, eu tive uma ilusão,
um sonho de inocente, um dia de amargura!
Ferido pela dor, em vez de ter ventura,
recolhe-se a chorar meu pobre coração!
Meu peito desdenhado em busca dum amparo,
volúvel se tornou, amando dia a dia!
Procuro, em vão no mundo, o amor, uma alegria,
duma mulher celeste, um ente puro e raro!
Amando como um louco, em busca da ventura,
procuro em vão no mundo uma mulher ideal!
Porém, por cada amor, uma mulher fatal
encontro em minha via, e deixa-me amargura!
Abel Djassi (Amílcar Cabral)
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