Esclarece o antropólogo caboverdiano João Lopes Filho, no seu livro “Introdução à Cultura Cabo Verdiana”, editado pelo antigo Instituto Superior de Educação de Cabo Verde, que a música Caboverdiana é de “melopeia bantu”, ou seja, de origem essecialmente africana.
Como o surgimento da sua população, os instrumentos musicais caboverdianos foram introduzidos em Cabo Verde com o tráfico de escravos, pelos próprios africanos escravizados.
A Cimbó ou Cimboa, uma espécie de rabeca, cujo termo, segundo o referido João Lopes citando António Carreira, é de origem mandinga. Mais diz João, que corroboramos, este instrumento musical preciso ser preservado para não desaparecer. Poucos o conhecem em Cabo Verde e menos ainda o sabem tocar. Diz-nos João que actualmente existe apenas na ilha de Santiago, mas já foi presente em Sto. Antão, S. Nicolau, Fogo e Maio, sendo estas as primeiras ilhas de Cabo Verde a serem povoadas. A Cimboa é normalmente utilizada nas festas da tabanca e no batuque.
Utilizou-se também em Cabo Verde o tambor africano, o Tam-Tam, mas a igreja proibiu o seu uso e substituiu-o pelo tamboril e o tambor português, ambos bimembrafones. O tambor africano desapareceu muito cedo de Cabo Verde. Entretanto, sempre é possível o seu resgate para a preservação, divulgação e manutenção da nossa história, cultura e identidade africana.
Coabitou no ambiente musical, violinos, violões, cavaquinho e bandolim (banjo). O banjo, igualmente, já quase não se usa. Jogo de maracás (chocalho), viola de 10 cordas (5 cordas duplas). Clarinete, trompete, tocados na Morna acústica.
*
As Cantigas de guarda-de-sementeiras, resultado de um meio rural tradicional, caracterizada pela existência ancestral e pela sua função utilitária, ligada ao exercício da actividade agrícola em condições de permanente desafio à natureza (cultura de sequeiro, donde provém o milho e o feijão). A escassez da chuva que causava perdas de sementeiras, e a necessidade de guardar a sementeira evitando corvos, parvais e galinhas-de-mato, determinara o surgimento das cantigas de guarda-de-sementeira, sendo eles as suas personagens.
As Cantigas de curral-de-trapiche, também conhecidas por “cóla-boi” ou “aboios”, surgem com a introdução da cana-de-açúcar em Cabo Verde. Em substituição dos animais de tracção era utilizada a força física do escravo africano nos primeiros engenhos de açúcar, assim, surgindo estas cantigas da “bestialização”, brutificação, destes escravos.
Em situações idênticas de trabalho escravo, surgiram as Cantigas de mondadores, na época da monda (sementeiras), que são designadas de bombena.
Fazem ainda parte da música e dança caboverdiana, a morna, na epóca considerada pelos moradores brancos de Cabo Verde “batuque que agora tocam por aí e que não permite às pessoas dormir”, a coladeira, o batuque - com finaçon e o funaná tendo como lugar próprio o «terrero» - e a mencionada tabanca (peregrinação dançante) de ascendência africana.
(...)
Como o surgimento da sua população, os instrumentos musicais caboverdianos foram introduzidos em Cabo Verde com o tráfico de escravos, pelos próprios africanos escravizados.
A Cimbó ou Cimboa, uma espécie de rabeca, cujo termo, segundo o referido João Lopes citando António Carreira, é de origem mandinga. Mais diz João, que corroboramos, este instrumento musical preciso ser preservado para não desaparecer. Poucos o conhecem em Cabo Verde e menos ainda o sabem tocar. Diz-nos João que actualmente existe apenas na ilha de Santiago, mas já foi presente em Sto. Antão, S. Nicolau, Fogo e Maio, sendo estas as primeiras ilhas de Cabo Verde a serem povoadas. A Cimboa é normalmente utilizada nas festas da tabanca e no batuque.
Utilizou-se também em Cabo Verde o tambor africano, o Tam-Tam, mas a igreja proibiu o seu uso e substituiu-o pelo tamboril e o tambor português, ambos bimembrafones. O tambor africano desapareceu muito cedo de Cabo Verde. Entretanto, sempre é possível o seu resgate para a preservação, divulgação e manutenção da nossa história, cultura e identidade africana.
Coabitou no ambiente musical, violinos, violões, cavaquinho e bandolim (banjo). O banjo, igualmente, já quase não se usa. Jogo de maracás (chocalho), viola de 10 cordas (5 cordas duplas). Clarinete, trompete, tocados na Morna acústica.
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As Cantigas de guarda-de-sementeiras, resultado de um meio rural tradicional, caracterizada pela existência ancestral e pela sua função utilitária, ligada ao exercício da actividade agrícola em condições de permanente desafio à natureza (cultura de sequeiro, donde provém o milho e o feijão). A escassez da chuva que causava perdas de sementeiras, e a necessidade de guardar a sementeira evitando corvos, parvais e galinhas-de-mato, determinara o surgimento das cantigas de guarda-de-sementeira, sendo eles as suas personagens.
As Cantigas de curral-de-trapiche, também conhecidas por “cóla-boi” ou “aboios”, surgem com a introdução da cana-de-açúcar em Cabo Verde. Em substituição dos animais de tracção era utilizada a força física do escravo africano nos primeiros engenhos de açúcar, assim, surgindo estas cantigas da “bestialização”, brutificação, destes escravos.
Em situações idênticas de trabalho escravo, surgiram as Cantigas de mondadores, na época da monda (sementeiras), que são designadas de bombena.
Fazem ainda parte da música e dança caboverdiana, a morna, na epóca considerada pelos moradores brancos de Cabo Verde “batuque que agora tocam por aí e que não permite às pessoas dormir”, a coladeira, o batuque - com finaçon e o funaná tendo como lugar próprio o «terrero» - e a mencionada tabanca (peregrinação dançante) de ascendência africana.
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Abenaa.
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