O passado dia 20 de Janeiro foi marcado por um Fórum sobre Amílcar Cabral, realizado na Assembleia Nacional (Cabo Verde) pela Fundação Amílcar Cabral - que tem como missão estatutária preservar a obra e a memória de Amílcar Cabral promovendo o enriquecimento e aprofundamento do seu legado -, 40 anos após a sua morte, com um vasto programa de atividades.
O primeiro programa de atividades foi realizado no dia 18 de Janeiro de 2013 e teve duração de três dias, o segundo será em 12 de Setembro de 2013 na ocasião do 90º aniversário de Amílcar Cabral. Embora aberto a todos que se interessam por Amílcar Cabral, apenas alguns estudantes, investigadores, antigos combatentes e uma pequena parcela da sociedade caboverdiana usufruíram desta oportunidade positiva de participar em Sessões Plenárias, Grupos de Trabalho e Mesas Rendodas com debates de temas sobre "A Educação para a emancipação: uma perspetiva cabralista”, “O pensamento de Amílcar Cabral na perspetiva contemporânea”, “Cabo Verde: os caminhos do futuro, desafios e perspetivas” e “Questões do mundo global: integração e interdependências” .
As apresentações mostraram Amílcar Cabral como “promotor da idéia pan-africana” e fizeram uma releitura do pensamento de Amílcar Cabral na perspetiva da contemporaneidade face aos desafios da construção do Estado em África, demonstraram o papel importante das mulheres caboverdianas e guineenses na luta pela libertação de Cabo Verde e Guiné Bissau e a necessidade de dar continuidade essa valorização da Mulher, como defendeu Amílcar Cabral. Infelizmente não conseguimos assistir a comunicação sobre a recém-criada Cátedra Amílcar Cabral na Universidade de Cabo Verde porque diversas atividades decorriam ao mesmo tempo.
O debate intergeracional começou com a seguinte pergunta: Será que os jovens caboverdianos sabem de Amílcar Cabral?
Para alguns jovens, a juventude caboverdiana é alienada e não sabe quem é Amílcar Cabral. Estes exigiram maior e melhor participação dos jovens questionando o contributo do fórum para o melhoramento da vida do povo caboverdiano. Para outros jovens, não conhecem Amílcar Cabral, sobretudo, porque para levar o pensamento de Amílcar Cabral aos bairros é preciso primeiro que o orçamento estatal também chegue lá.
Enquanto os anciãos, investigadores caboverdianos, antigos dirigentes políticos e combatentes da pátria, ainda acreditam que os jovens caboverdianos conhecem Amílcar Cabral. Mas, defendem que precisam saber mais sobre os seus heróis nacionais e de ser eles mesmos heróis, lutando pelo próprio espaço político (politricks). Também, advertiram que as escolas caboverdianas não ensinam os seus jovens a pensar criticamente de forma a acumular os acontecimentos evidenciando a necessidade da reforma do curriculum escolar de Cabo Verde.
No final do debate intergeracional, um jovem estudante, investigador, cantor, poeta e desportista, manifestou que acredita profundamente na era de África e perguntou novamente aos anciãos o que pensavam fazer e os jovens deverão fazer. Por sua vez, um combatente só lhe respondeu que eles fizeram o que podiam, não foram mobilizados, estavam todos à procura de algo para engajar e lutar por Cabo Verde. Porém, uma jovem lhe sugeriu que apenas através da Cultura e Educação continuaremos o legado de Amílcar Cabral.
Infelizmente, relativamente à questão de identidade ou reafricanização dos espíritos proposta por Amílcar Cabral, alguém defendeu, numa perspetiva contemporânea, que os caboverdianos devem caboverdianizar os espíritos. E que o retorno às fontes não era necessário porque nunca foram abandonadas, embora influenciadas pelas metrópoles.
A luta continua.
Abenaa Ababa.
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