JUNHO DE 1975/INDEPENDÊNCIA DE MOÇAMBIQUE
Ontem mesmo, me disseram categoricamente: "esse negócio de unidade africana foi uma fantasia política criada pelo Ocidente, nunca fez sentido para o africano esse negócio de unidade, panafricanismo e repatriação ... tudo besteira".
Disseram-me também, ontem, que os discursos dos movimentos de independência africano sempre estiveram distantes e apáticos a perspectivas políticas que integrassem a diáspora africana a África.
Será? Indaguei.
E foi esse “será?” que permitiu-me não ser enganado, resolvi expor a Frelimo (Frente de Libertação Moçambicana), de ontem, essa questão que envolve diáspora, ocidente, repatriação hoje.
A seguir, a resposta da Frelimo.
Irmão do Ocidente
Irmão do Ocidente...
(Como explicar-te que é nosso irmão?)
O mundo não acaba à porta de tua casa
Nem no rio que limite teu país
Nem no mar
Em cuja vastidão às vezes pensas teres descoberto
O sentido do infinito
Para além de tua porta para além
do mar
o grande combate continua
homens de olhar quente e mãos
duras como a terra
à noite abraçam seus filhos
E partem ao nascer do sol
Muitos não voltaram. Que importa!
Somos homens cansados das algemas
Para nós a liberdade
Vale mais do que a vida
de ti, irmão, nós esperamos, não a mão caridosa
que humilha e mistifica
mas a mão solidária
cometida, consciente.
Como podes recusar,
Irmão do Ocidente?
Frelimo – 1973
Por Kwesi.