Mas a RDC, apesar de sua riqueza, foi empobrecida. As transnacionais levam minerais e hidrocarbonetos, às vezes sem pagar um tostão, muito pelo contrário, deixam um rastro de conflitos entre “etnia” (grifo nosso), sangue, morte. Dos mais de 60 milhões de habitantes desse país, menos de 5 milhões têm uma vida decente.
Este país sempre foi saqueado. As terras do Congo foram destruídas pelo rei belga Leopold II, que fez desta nação sua propriedade privada. Esse rei levou o marfim e a borracha, à custa de matar elefantes com mão-de-obra escravizada. Dizimou a população, matando, mutilando, escravizando e quando se cansou a cedeu para a colonialista Bélgica que não faria nada para mudar a situação. Tanto aquele cruel monarca como o seu império, contaram desde 1884 com o apoio dos governos dos Estados Unidos, os impérios europeus, e a Igreja Católica. Após iniciar os anos 1960, os imperialistas belga, empregaram métodos brutais para explorar a população congolesa. O flagelo (ou chicote) era utilizado às vezes até matar aqueles que não cumpriam com o seu trabalho escravo, incluindo bebés. Foram milhões os mortos pela exploração imperial.
Lumumba, morrer para viver
Nesse Congo oprimido e rasgado cresceu Patrice Lumumba. Era um dos 100 ou menos nacionais que conseguiram alcançar a educação universitária no seu país antes de 1950. Ele organizou o Movimento Nacional Congolês, e exigiu pacificamente a independência aos imperialistas Belgas. Estes depois de medirem os seus passos, acederam por causa do grande apoio popular do jovem Lumumba. Fizeram tudo para sabotar a nova nação independente.Levaram até os telefones de escritório, infiltraram o exército, limparam as contas bancárias. Eles não queriam aquele negro que desafiou o rei Beduino com estas palavras:
"Durante os anos 80 de domínio colonial sofremos tanto que não podemos afastar as feridas da memória. Fomos forçados a trabalhar como escravo por salários que nem sequer nos permitam comer o suficiente para afugentar a fome, ou vestir-mos, ou encontrar alojamento, ou criar os nossos filhos como seres queridos que são. Sofremos ironias, insultos e agressões dia após dia só porque somos negros... As leis de um sistema judicial que somente reconhece a lei do mais forte nos arrebatam as terras. Não há igualdade; as leis são suaves com os brancos, porém cruéis com os negros. Os condenados por convicções políticas ou religiosas sofreram horrivelmente; exilados no seu próprio país, a vida tem sido pior que a morte. Nas cidades, os brancos têm casas magníficas e os negros espalhados em barracos; aos negros não permitiram-nos entrar no teatro, restaurantes ou as lojas para europeus; tínhamos que viajar em porões ou aos pés dos brancos sentados em cabinas de luxo. Quem pode esquecer os massacres de muitos dos nossos irmãos, ou as celas que foram metidos aqueles que não se submetem à opressão e exploração? Irmãos, assim tem sido a nossa vida ".
"Mas nós, os que vão dirigindo nosso querido país como representantes eleitos, que sofreram no corpo e na alma a opressão colonial, declaramos em voz alta que tudo isso está acabado agora. Foi proclamada a República do Congo e o nosso país está em mãos de seus próprios filhos ".
Este homem negro era perigoso. Anunciava que os congoleses administrariam suas próprias riquezas, anunciava que as multinacionais estavam indo embora. Era um louco! Um revolucionário! Isso não o permitiria os imperialistas do mundo. Isso não estava nos planos da CIA, era uma catástrofe para o "mundo livre." Os imperialistas E.U. e belgas decretaram a sua morte imediata. Em 6 de Outubro de 1960, o governo belga ordenou "eliminar definitivamente Lumumba.
E veio a perseguição e a traição. A cumplicidade das tropas da ONU que permitiram a sua tortura sem intervir. Assim, foi capturado em 2 de Dezembro de 1960, submetido a torturas e exibido como um criminoso perante jornalistas e diplomatas inertes. Mas ele jamais perdeu a sua dignidade.
Em 18 de janeiro de 1961, o primeiro-ministro Patrice Lumumba, de apenas 35 anos, foi baleado por um esquadrão de assassinos. Seu corpo foi dissolvido em ácido de mineração. Um capitão belga dirigiu a operação na presença de agentes da CIA e traidores da pátria.
Carta à sua mulher, Pauline Lumumba, janeiro 1961, uma semana antes de seu assassinato
"Nenhuma brutalidade, maus-tratos ou tortura me demove, porque preferiria morrer com a cabeça erguida, com uma fé inquebrável e uma profunda confiança no futuro do meu país, a viver submetido e pisoando princípios sagrados. Um dia a história nos julgará, mas não será a história conforme Bruxelas, Paris, Washington ou as NU senão a dos países emancipados do colonialismo e seus fantoches ".
"Nenhuma brutalidade, maus-tratos ou tortura me demove, porque preferiria morrer com a cabeça erguida, com uma fé inquebrável e uma profunda confiança no futuro do meu país, a viver submetido e pisoando princípios sagrados. Um dia a história nos julgará, mas não será a história conforme Bruxelas, Paris, Washington ou as NU senão a dos países emancipados do colonialismo e seus fantoches ".
Hoje, os congoleses continuam a luta contra as transnacionais de petróleo e mineração, patrocinados pelos impérios. Mais do que nunca fazem eco as palavras pronunciadas por Lumumba no dia da independência. Por ele não devemos acreditar numa palavra dos imperialistas.